Manuscritos do Silêncio

"O silêncio é capaz de expor um lado da humanidade que nem milhares de palavras seriam capazes de descrever." Sisá Fragoso - Manuscritos do Silêncio

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Imortalidade



Lembro-me dos dias passados ao lado dele. O homem que fazia o perfeito estilo menino mal que havia se mudado para a casa ao lado há algumas meses. Jay Knight tinha 23 anos, um corpo atlético, cabelo loiro propositalmente desalinhado e um belo par de olhos verdes. Seus 1,95 de altura o faziam bem mais algo que eu, mas isso era o de menos. Resumindo, o loiro era perfeito para se tornar um rockstar.
Ao me sentir atraída por Jay, comecei a mudar meus hábitos. Troquei o jeans e a camiseta pelas roupas góticas e acessórios de metal, em uma tentativa de ser mais atraente para ele. Não sei se foi a mudança física ou não, mas poucas semanas após sua chegada, Jay e eu iniciamos um relacionamento.
Ambos morávamos sozinhos. Eu porque ficara órfã doze anos antes e meu irmão problemático havia ido embora. Ele por motivos que eu viria a descobrir meses depois.
Estávamos dormindo em sua casa quando, no meio da noite, uma discussão me acordou. Curiosa, desci as escadas até a sala onde Jay e outros dois homens discutiam. Os estranhos me olharam por um segundo e suas expressões variaram de sarcasmo à incredulidade.
- Sugiro que a tire daqui. – Disse o estranho que usava um sobretudo preto e tinha os cabelos longos e negros. Seus olhos possuíam um estranho tom de azul gélido que me causaram arrepios.
- Arissa. – Jay falava baixo, sem tirar os olhos dos estranhos. – Por favor, volte para sua casa e fique lá. Amanhã lhe explicarei melhor.
- Não vou deixar você sozinho com esses estranhos. – Retruquei. E não pretendia fazer diferente mesmo.
O outro estranho riu. Este tinha cabelos curtos e castanhos, e vestia roupas escuras. Seus olhos tinham a mesma cor sombria que o outro.
- Somos irmãos dele. – Disse o homem de cabelos curtos.
- E quem lhe perguntou alguma coisa? – Encarei aquele homem sem medo algum.
- Ora, sua... – Ele deu um passo à frente, mas parou quando Jay se colocou entre nós.
- É verdade que são meus irmãos. Arissa, por favor, vá.
Após muita insistência de Jay, fui embora. Cruzei o jardim até minha casa, e fiquei observando pela janela da sala. Ficaria de olho na movimentação na casa de Jay, e se ouvisse algo fora do normal, chamaria a polícia. Não me importava se eram irmãos dele, o que notei foi pura tensão no loiro e sabia que algo estava errado.
Horas se passaram e nada havia mudado. Não ouvi gritos ou barulhos altos vindos da casa, tão pouco vi qualquer um deles deixar o lugar. Já era manhã e nada acontecia. Comecei a ficar impaciente, andando de um lado para outro, sem sair do perímetro da janela. Eles poderiam ter matado Jay e saído pelos fundos da casa.
Mais duas horas se passaram até que não suportasse mais a espera e retornasse até a casa de meu atual namorado.
Bati na porta e ninguém respondeu. Mais alguns minutos, e eu entrei por conta própria. Tudo estava escuro. As cortinas fechadas. Não havia nenhum barulho na casa. Pensei em chamar por Jay, mas achei melhor me manter em silencio e procurar por qualquer dos três.
Não havia ninguém na sala. A cozinha também estava vazia. Tudo estava arrumado, indicando que não havia acontecido nenhuma luta física. Passei pela porta da biblioteca e estiquei a mão para a maçaneta, sem coragem de virá-la. Havia dois locais na casa que Jay me proibia terminantemente de entrar. Um deles era a biblioteca. Preocupada com ele, ignorei suas ameaças e entrei.
A biblioteca era simples e incrível ao mesmo tempo. Não havia janelas e as quatro paredes eram forradas do chão ao teto com estantes cheias de livros, a não ser pelo espaço da porta. No centro um sofá circular e uma pequena mesa. Caminhei olhando as prateleiras. Todos os livros me pareciam muito antigos, com capas frágeis gastas pelo tempo. Provavelmente eram relíquias. Sobre a mesa havia pergaminhos e papiros com escritas de outros idiomas e ilustrações estranhas. Um grosso livro estava aberto ao lado. Suas folhas delicadas eram preenchidas com o que identifiquei sendo latim em uma caligrafia feito a mão.
Gastei alguns minutos observando aquele museu de livros, cada vez mais chocada com a antiguidade daqueles volumes e suas línguas variadas. Talvez Jay fosse algum colecionador ou algo do tipo, mas teria de ser rico também, para adquirir todas aquelas obras raras. Perguntaria sobre isso depois, se o encontrasse.
Sai da biblioteca com o máximo de silêncio que consegui, e me preparava para subir a escada para o segundo andar quando algo me chamou a atenção.
No corredor, em frente à porta que dava acesso ao porão, o tapete estava desalinhado. Alguém havia passado por aquela porta, mas não voltado por ela, já que se voltasse arrumaria o tapete. Parei com a mão no corrimão, pensativa. O porão era o outro lugar que estava proibida de ir.
- Já invadi a biblioteca mesmo... – Sussurrei para o nada.
Cruzei o corredor e parei diante da porta. Uma série símbolos estranhos estavam entalhados em cada centímetro da madeira, criando um intrincado desenho um tanto sinistro. Engoli meu medo e abri a porta, começando a descer.
Alguns minutos depois parei na escada escura. Estava estranho demais. Já havia descido muitos degraus a mais do que se espera ter para um porão, e o fim da escada não parecia próximo. Agora a curiosidade se sobrepunha ao medo, e segui em frente. Dezenas de degraus. Dúzias de degraus. Centenas de degraus.
Imaginava ter descido uns nove ou dez andares quando a escada enfim acabou. Um corredor longo estava a minha frente, cheio de tochas acesas iluminando o caminho, e no fim dele, uma porta de aço. Com cautela comecei a cruzar o corredor. Estava na metade quando um grito me paralisou.
- Jay... – Corri o resto do caminho e abri a pesada porta de aço sem medo.
Perdi as forças por um momento. Do outro lado da porta, uma enorme sala construída inteiramente de pedras não guardava nada além de um corpo ferido. No lado oposto ao meu, várias portas fechadas. Corri para o corpo preso na parede à direita.
Jay estava ajoelhado sobre o chão. Seus braços estavam esticados e enrolados por correntes apertadas que o machucavam. As correntes presas à parede impediam que seu corpo caísse, o forçando naquela posição. Seu rosto estava abaixado e havia sangue. Só quando cheguei mais perto foi que pude notar as roupas dele. Não mais o jeans escuro e camisa aberta. Agora trajava um tipo de túnica como os antigos gregos, totalmente negra.
- Meu Deus... – Ajoelhei diante dele e tomei seu rosto em minhas mãos.
- Arissa? – Sua voz estava fraca e dolorida. Ele abria os olhos com dificuldade. – Não devia... Estar aqui.
- Seus olhos... – Me surpreendi quando ele me olhou. Seus olhos antes verdes agora tinham o mesmo tom de azul gélido que causavam arrepios.
- Não olhe! – Sua voz se elevou de forma surpreendente.
Mas era tarde. Eu já havia olhado e me prendido naqueles olhos sinistros. Comecei a sentir frio, como se estivesse nua em uma geleira e em minha mente podia ouvir gritos e lamentos. Eu sentia desespero. Estava enlouquecendo.
Jay fechou os olhos e virou o rosto. Cai de lado, encolhida como um feto, chorando em silêncio. Nos olhos dele podia ver um tipo de inferno onde almas condenadas imploravam por paz. Aqueles gritos e lamentos ainda ecoavam em minha mente.
- Eu quero morrer... Não suporto isso... – Sussurrava em desespero.
Ao longe o rangido de uma porta pode ser ouvido, mas não conseguia me mover, perturbada pelo que vi nos olhos de Jay.
- Se olhasse mais alguns minutos, teria sido morta e sua alma vagaria entre aquelas que observou. – A voz grave me causou tremores, mas também me trouxe coragem.
Sequei os olhos e consegui me mover. Os dois homens da noite anterior estavam parados no meio daquela sala, trajando as mesmas túnicas negras que Jay usava. Ali estavam os dois supostos irmãos que o haviam seqüestrado e machucado. Eu sentia raiva deles. Uma raiva muito profundo que acabava com meu medo.
- Quem são vocês? Por que fizeram isso? – Mil perguntas enchiam minha cabeça e nada ali fazia sentido.
- Tenha respeito conosco, sua incetinha. – Disse o de cabelos curtos.
- Por que eu deveria ter respeito por alguém que tem essa sua cara de múmia? – Provoquei.
- Juro que vou comer seus olhos como fazem as gaivotas! – Ele ficava nervoso. Eu não me importava.
- O que? Corvos fazem isso, seu idiota.
- Ela está certa. – Surpreendentemente o homem de cabelos negros me apoiou.
O outro parecia envergonhado e deu as costas à conversa. Parte de mim queria rir, mas evitei isso.
- Amon... Deixe-a ir... – Jay fazia um grande esforço para falar.
- Não irei antes de obter respostas. Tudo isso é estranho de mais.
- Responderei o que perguntar. – Disse o homem com frieza.
Pensei um pouco, tentando organizar as perguntas em minha mente. Corri o olhar em volta e pelos três. Lembrei da noite anterior. Tudo muito confuso.
- Certo. Pra começo de conversa, que tipo de casa tem uma escada tão longa para o porão? – Primeira coisa que apareceu em minha mente.
- Não tem. A escada para o porão daquela casa tem apenas seis degraus. Mas no quarto degrau há um portal que a trás para a escadaria principal e se pode descer até aqui. – Ele estava com os braços cruzados e falava com calma e naturalidade. Como se fosse muito normal o que ele dizia.
- Ah, ótimo. Então isso aqui é o que? Nárnia? Ainda não vi um leão falante. – Apontei para o homem de cabelos curtos. – Se bem que ele tem cara de Rainha Branca.
- Como é? – Ele me encarou. Mostrei a língua.
- Esta é uma dimensão diferente da sua. É nosso lar.
- Vocês chamam essa catacumba de lar? – Olhei em volta e voltei a falar. – E quem são vocês afinal? Ah! Já sei. Você é o Mágico de Oz. Claro.
Tudo aquilo me divertia. Era óbvio que eles eram atores ou viciados naqueles jogos interpretativos. Outras dimensões. Que piada. Se queriam brincar, eu ia entrar no jogo também.
- Você leva tudo isto como uma brincadeira, jovem mortal. Seria mais prudente segurar sua língua. – O de cabelos negros agora estava irritado. – Se quer ouvir a verdade, sente-se, cale a boca, e escute.
Enquanto falava ele apontou o dedo em minha direção, e uma cadeira que eu não sabia de onde viera estava sob mim. Admito que isso me assustou e comecei a repensar as coisas. Talvez não fosse uma brincadeira, mas eu estava ficando louca.
- Nossos verdadeiros nomes foram a muito perdidos, e a cada Era, a cada povo de seu mundo, nossos nomes mudam. Decidimos escolher os que mais nos agradam para nos apresentarmos.
Uma pausa para estudar minha reação. Eu estava simplesmente confusa. Ele continuou.
- Pode me chamar de Amon Dei, o Escondido pela Noite. Sou o primeiro dentre os setenta e dois Deuses da Morte.
- O que? – Agora estava em choque.
- Existem setenta e dois seres imortais, criados no princípio dos tempos, que vagam pelo plano mortal vigiando os humanos. Quando a hora chega, somos nós que levamos suas almas para a Morada. Não há céu ou inferno. Todos que morrem vão para a Morada.
- Morada? – Repeti, sem entender o que poderia ser este lugar.
- O lugar que você viu nos olhos dele. – Amon apontou para Jay. As imagens voltaram para a minha mente e sabia que estava pálida. – Quando alguém olha diretamente para nossos olhos, a vida deixa o corpo e a alma é levada.
- Você também faz isso, Rainha Branca? – Olhei para o homem que ainda não havia se apresentado.
- Pare de me chamar desta forma... – Ele respirou fundo. – Sim. Todos os setenta e dois Deuses tem o mesmo dom. Meu nome é Asar, apropósito. O Juiz dos Mortos. Sou o segundo Deus da Morte.
- Por que prenderam o Jay? – Falei baixo. Não queria acreditar em nada daquilo, mas algo em mim dizia para acreditar. Era demais absorver todas aquelas informações.
- Jay? – Amon parecia confuso com o nome.
- Quem é Jay? – Asar perguntou.
Virei o rosto para olhar para o homem acorrentado e ferido. Assim que o fiz, os dois Deuses riram com vontade e eu não sabia o porque. Asar caminhou até ele e se abaixou.
- Além de abandonar seus deveres ainda se passou por humano? Sério? – Novamente ele ria. – Ah, como eu queria poder matar você, Anpu. Desculpe... É Jay agora, não?
- Este cãozinho... – Amon começou e atraiu minha atenção. – Como lhe dissemos é nosso irmão. Anpu, o Preparador dos Mortos, terceiro Deus da Morte.
- Anpu? – Repeti. – Parece nome de sapo.
Atrás de mim ele riu com dificuldade e me arrependi do comentário.
- Em algumas partes do Egito me chamavam de Anúbis, se preferir. – Ele disse sorrindo.
Levantei com tanta surpresa e rapidez que a cadeira tombou para trás. Por que eu estava acreditando naquela conversa? Fiquei observando Jay... Anpu... Seja quem for.
- Nós o prendemos porque ele deixou de cumprir suas obrigações. Pelo jeito tentava se tornar humano. – Amon o puxou pelos cabelos até que levantasse a cabeça. – Querido irmão... Tudo o que você ama irá queimar.
- O que pretendia Anpu? – Asar falava com frieza. – Daqui alguns meses quando não mudasse nada em sua aparência iria desaparecer da vida dela e passar o resto da eternidade lamentando?
- Não toquem nela. – Ele sussurrou.
- Ou o que? Você não pode fazer mais nada. – Amon o soltou e se afastou.
- Deixe-a e eu retorno. – Os Deuses se calaram. – Continuarei com minhas funções, mas deixe-a ir.
- Não! – Me intrometi. Jay era a melhor coisa que tinha acontecido em minha vida desde a morte de meus pais e os problemas com meu irmão. Era a única coisa boa da minha vida. Eu jamais conseguiria ficar sem ele. Corri até ele e o abracei ainda acorrentado. – Quero ficar com você.
- É impossível. – Ele disse com tristeza. – Algum dia você morrerá e eu seguirei. Foi uma grande idiotice achar que poderia ter você pra mim. Sinto muito por isto, Arissa.
- A menos que... – Asar começou. Um sorriso sádico em seus lábios.
- Não. – Jay cortou.
- A menos que o que? – Perguntei. – Há um jeito de eu ficar com ele? Diga-me Rainha Branca.
- Me chame assim mais uma vez e eu corto sua garganta!
- Há um jeito de você continuar com ele. – Amon refletia.
- Oz... – Notei a expressão de desgosto em Amon, mas ignorei.
- Deuses da Morte podem ter uma alma ligada a eles pela eternidade. – Amon ignorou meu comentário e continuou seu monólogo. – Se Anpu a tiver desta forma, poderão ficar juntos eternamente.
- Então eu o farei. – Fui direta. Não quis saber o que seria. Apenas sentia uma forte vontade de continuar ao lado dele. Eu não tinha mais família, nunca cultivei amizades importantes. Não tinha nada a perder.
- Não! – Jay gritou, cortando meus pensamentos.
- Irmão, reprovo suas atitudes, mas não desejo seu mal. Só tento ajudar. – O Deus de cabelos negros parecia sincero.
- Acho que ele não quer tanto assim ficar ao seu lado, menina. – Asar provocava.
- Fique quieto, Rainha Branca. – Jay devolveu em mesmo nível. Quis rir, mas outra coisa ficou em minha mente.
- Por que recusa a idéia? – Olhei com pesar para o homem acorrentado. Talvez Asar tivesse razão.
- Arissa, não pense como Asar que não desejo sua companhia eterna, mas ao que se referem é torná-la minha escrava. Você não seria mais você. Seria submissa a mim. Tudo o que eu dissesse pareceria certo para você. Não posso aceitar isso.
- Não me importo com isso. – Me abaixei ao lado dele. – Jay, eu só quero estar ao seu lado. Sei que cuidaria bem de mim.
- Ah, esqueci um detalhe. Você estaria morta também. – Amon foi direto.
Congelei sem olhá-lo. Morte. Algo nessa idéia me causava arrepios. As imagens do lugar que vi através dos olhos de Jay invadiram minha mente e eu senti medo. Muito medo.
- Ainda... Ainda quero isso. – Falei.
- Você deseja coisas que não compreende por completo... – Jay suspirou e fechou os olhos.
- Anpu. – Asar chamou e ele abriu os olhos para o irmão. – Sabe o que acontecerá. Se permitir a vida dela, quando a hora dela chegar você não terá a coragem de levá-la. Vai ocasionar o desequilíbrio da vida mortal.
- Asar... – Jay ria. – Você me lembra uma história que li no mundo mortal.
- Hércules? – O segundo Deus fez pose.
- O Médico e o Monstro. – O terceiro riu de novo. – Sua preocupação é digna de um Bobo da Corte.
- As crianças poderiam calar suas bocas? – O primeiro Deus interveio. – A escolha é da mortal. Vamos menina, não temos todo o tempo do mundo.
- Na verdade nós temos, mas isso aqui já encheu o saco. – Asar era sincero.
- Desejo tornar-me uma alma serva do terceiro Deus da Morte. – Falei pro fim.
- Ótimo. Vamos matá-la. – Não sei de onde Asar tirou um tipo de pistola antiga, mas fosse como fosse, a arma não combinava com Deuses.
- Mas... – Cortei e Asar suspirou. – Quero mais um mês, antes disso.
- Para que? – Todos pensaram isto, mas foi Amon quem disse em voz alta.
- Sempre quis ser escritora. Irei escrever a história de minha vida nestes últimos meses e enviarei para alguém que publicará. Este último sonho eu quero realizar.
- Que coisa antiquada. – Asar brincava com a arma.
- Falou o homem vestido como um grego mumificado. – Retruquei. – Que nome dá à esses panos que te amarram?
- Amarrada está você, sua doida!
Amon Dei suspirou como um pai cansado das discussões tolas dos filhos. Caminhou até Jay e as correntes foram soltas. Vi as feridas em seu corpo começarem a se curar diante de meus olhos. Asar pegou sua arma e apontou para o irmão, apertando o gatilho. Esperei um grande barulho e sangue, mas o som foi curto e que voou foi uma nuvem de confetes coloridos.
Minhas condições foram aceitas, apesar de Jay continuar sendo contra. Durante um mês escrevi todos estes acontecimentos e enviei para um velho amigo de meu pai, editor famoso. Não esperei para ver o resultado de meu esforço. Pelas mãos de Jay eu morri, e me tornei sua serva.
O Terceiro Deus da Morte se tornou minha vida por completo. Ao longo de décadas, minha memória ficou para trás e eu já não sabia mais nada do mundo de onde vim ou das pessoas que conheci por lá. Agora só conhecia a frieza de Amon Dei, as brincadeiras infantis de Asar, e um amor arrependido de Anpu.
Antes de minha morte, deixei uma pequena mensagem para o terceiro Deus, e ele ainda a guardava com carinho.

“Eu tive tudo, oportunidades para a eternidade e eu poderia pertencer à noite. Eu posso ver em seus olhos. Tudo em seus olhos. Você me faz querer morrer. Eu poderia morrer por você, meu amor”.

- FIM -

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